Dead or alive
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Hotel de Paradise Falls

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Mensagem por Iris Van Der Beek Ter Jul 16, 2013 9:41 pm

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Iris Van Der Beek
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Hotel de Paradise Falls Empty Re: Hotel de Paradise Falls

Mensagem por Olivia Stark Seg Jul 22, 2013 12:52 pm


What the ...!?

   
   
   



Milah nunca pensara que podia ceder a um estranho. Tudo bem, não um estranho, ela sabia o nome dele, pelo menos. Não podia dizer o mesmo de muitos dos habitantes de Paradise Falls, mas todos a conheciam: a ladra, a mão leve, Milah Cornelia Jones, a encalhada pobretona que ninguém gostaria de ver perto de sua barraquinha de comida ou mercearia. E também, ela não cedera. Não realmente. Milah era durona demais para admitir até para si mesma que ele conseguira quebrar pelo menos um mínimo pedacinho da sua barreira de desconfiança.

Mesmo que ela não dissesse seu nome, mais cedo ou mais tarde ele descobriria. Agora, depois de tudo o que passara, ela tinha certeza de que ele não pestanejaria até saber até qual era o tamanho de seus cílios. E não, ela não estava exagerando. Ou melhor, até estava, mas pouco ligava para aquilo. Sua cabeça agora já conseguia pensar mais claramente, com comida no estômago.

Soltou um suspiro de alívio ao engolir o bacon nem mastigar com muita altivez. Estava de costas para o estranho, mas, mesmo com a noção de que poderia estar em perigo, seu subconsciente lhe convenceu de que se ele quisesse ter feito algo com ela, já teria o feito há muito tempo. Não ofereceria nenhuma recusa caso estivesse adormecida. Acordada, no entanto, ele já deveria ter percebido que ela era um pesadelo. Irônico, até porque... pesadelos geralmente ocorriam quando a pessoa estava adormecida, certo?

Exato. E era exatamente por isso que Milah era uma contradição ambulante. Ninguém a entendia realmente, as vezes nem ela mesma conseguia entender o porquê de suas ações.

- O que posso dizer? Nada que vem de você é demais para mim, mon amour. – escutou sua voz e tentou não ligar muito. Diabo, como aquele mauricinho falava!  – Não que seu sobrenome realmente importe, como já disse, seu futuro é Hoffman, Milah.

Revirou os olhos, engolindo o último pedaço de carne do prato e voltando seu olhar para ele. Estava sentado em um canto afastado do quarto e ela agradeceu mentalmente por aquilo. Provavelmente, se estivesse mais perto, ela iria estrangulá-lo ali mesmo, não se importando se ele tinha a socorrido ou não. Diabo, não importaria nem se ele fosse Deus! Ela teria feito a mesma coisa, e não ajudava em nada o fato de ele ser um completo pamonha irritante. Além do que... De que raios ele a chamara? Mon Amour? Aquilo era de comer? Ou ele a estava chingando? É, provavelmente chingando.

- Olha aqui, seu bastardinho... Mon amour é a senhora sua avó, entendido? Aquela vaca leiteira que pariu teus pais e que começou linhagem de merda. – fez questão de se aproximar dele e apontar o dedo direto na sua cara, mas ele parecia não se importar. O bastardo ainda estava com uma careta que demonstrava que ele estava prestes a rir da sua cara. Aquilo só enfureceu mais ainda Milah. Seu sorriso convencido aumentou na proporção a qual a raiva da gatuna crescia. – E NEM MORTA EU IRIA JUNTAR MEUS TRAPOS COM VOCÊ! NEM EM UM MILHÃO DE ANOS! VOCÊ É LOUCO! DEVIA SER JOGADO AOS IVERMINIGGERS! – gritou, rabugenta, tão próxima a ele que conseguia sentir sua respiração bater direto no seu rosto. Só depois foi perceber aquilo, é claro, afastando-se incômoda e com a face levemente corada, não sabendo se era por causa da proximidade ou porque acabara de perder sua paciência com aquele homem tão metido a besta. Sabia que não estava em posição de brigar com Dimitri. Ele a ajudara, mesmo que ela não tivesse merecido nem um pouco da sua piedade, e até comprara um vestido para ela e...

E nada! Não iria permitir-se defender aquele mauricinho!

Bufou de raiva, afastando-se mais dele, virando a cara e cruzando os braços quando ele falou novamente com ela. Analisou de longe o vestido, tentada a passar a mão sobre ele e sentir o tecido que aparentava ser a coisa mais macia que ela já tinha sentido em toda a sua vida. - Aliás, o banheiro é logo ali, se quiser trocar de roupa. Ou então troque aqui mesmo, não que eu vá me importar. Não mesmo. – Ouviu-o, mas não deu muita atenção à primeira parte. Corou de raiva quando escutou o final. Oh, diabos! Ela já deveria estar bem longe! Nenhuma comida valia aquela humilhação a qual estava sendo exposta. Será que ainda era Dia do Novo Mundo? Se fosse talvez ela conseguisse tentar a sorte e arrumar pelo menos algo para seu pai. Seu coração apertou quando percebeu que comera toda a refeição e não pensara nele por sequer um segundo, entretanto negou com a cabeça, decidida a não chorar na frente do forasteiro. Sentou-se na cama, de braços cruzados, bem ao lado do vestido, analisando-o por alguns segundos.

Deveria valer algo. Poderia trocar por comida. As engrenagens trabalhavam loucamente dentro da cabeça de Milah a medida que ela ia tramando seu plano. Podia não ser o melhor de todos que ela tivera, e, sejamos francos, Milah tinha muitos planos que davam muito certo quando Santo Bartholomeu – o padroeiro de Paradise Falls – estava a seu favor, mas também não era um dos piores, como fingir que beijava o forasteiro em questão. Era terrível ter que se submeter aquele tipo de plano. Ela detestava ter que fingir que era um objeto sensual. Sabia que poderia ser, mas não gostava nem um pouco daquilo. E era exatamente por isso que escondia todos os seus atributos físicos debaixo de camadas e camadas de bandagens. Bandagens que ela tentava manter o mais limpas possível, mas não tinha muita sorte porque sempre se sujava com muita facilidade.

Deu o dedo do meio para o forasteiro, pouco se importando se estava parecendo uma criança. Ela realmente o estava, e não sentia nenhum remorso ao fazê-lo. Podia sentir, até, certa alegria em mandá-lo à merda. – Nem nos seus sonhos mais molhados, Alteza. Nunca. Nunquinha. Jamais. Entendido? – levantou uma das sobrancelhas para ele, com sua voz mais ameaçadora. Depois de algum tempo o encarando ela apenas suspirou, escondendo o rosto ao abraçar as próprias pernas. Agora que a fome não a incomodava mais, ela conseguia se concentrar no cheiro que estava exalando exatamente da borda do seu vestido. Bom, pelo menos ela não tinha se sujado por... Oh, esqueça! Pensou, percebendo enfim a mancha do vômito também presente no seu colo. Tinha se sujado toda. – Oh, raios! Eu vou, mas juro que se você tentar algo eu te estrangulo enquanto você estiver dormindo. – mirou-o com os olhos, destilando todo os eu veneno com apenas um olhar. Se ele não sabia como Milah era, agora saberia.

Não querendo dar o braço a torcer, Milah apenas revirou os olhos, pegando o vestido a contragosto e marchando para o banheiro. Fechou a porta o máximo que conseguiu, mas o Hotel de Paradise Falls era realmente um hotel para ratos. Aquele lugar deveria ser demolido, assim como seu próprio barraco, mas não pensou muito naquilo. Analisou o banheiro sem muita cerimônia, encontrando uma banheira que poderia usar para lavar o vestido e talvez até mesmo a si. Uma janela. Aquilo definitivamente viria a calhar. 

Aproximou-se mais da mesma, tentando ver se era possível que ela conseguisse pular daquela altura, mas rechaçou a ideia no segundo seguinte. 

Muito alto. Soltou um muxoxo, vendo seu plano correndo rio abaixo, enquanto ela tinha que ficar parada, apenas dando tchau para ele. Negou com a cabeça, decidida a não se deixar desanimar.

Tirou o vestido cuidadosamente para que o relógio dentro dele não fizesse nenhum barulho, expondo as bandagens na altura dos seios e as roupas íntimas que usava. Eram trapos, mas ela fazia de tudo para preservá-los. Só tinha mais dois conjuntos e nem sempre tinha a oportunidade de lavá-los por causa da água escassa. Deixou o vestido cair e começou a encher a banheira de água, debruçando-se sobre ela para sentir o frio não característico do lugar. Esperou que a banheira estivesse mais ou menos cheia e começou a limpar as partes do seu rosto que tinham sido sujas pelo vômito, passando um pano úmido por cima delas. Assim que terminou levantou-se, começando a tirar as bandagens, mas um barulho a impediu e ela voltou-se para a origem. A porta do banheiro estava levemente aberta e o forasteiro tinha visão direta para ela, naquele estado.

Oh, Deus lhe ajude, mas ela iria matar alguém naquele Dia do Novo Mundo!

Sentiu as bochechas esquentarem de um segundo para o outro e virou a cara, rangendo os dentes. Pegou ambos os vestidos com as mãos, escancarando a porta do banheiro e encarando-o, com fogo nos olhos. Alguma parte a alertou de que ela tinha que amarrar novamente as bandagens, mas não tinha cabeça para aquilo. Só conseguia pensar em uma coisa. Olhava do forasteiro para a porta. Forasteiro. Porta. Forasteiro. Porta. O que ela escolheria? Se vingar de Dimitri por tê-la visto praticamente nua, esbofeteando ele até que não conseguisse mais distinguir um de dois, ou a liberdade. Não perderia nada, teria os dois vestidos e poderia negociar o novo por comida, além do relógio, é claro. Milah tinha uma pequena mina de ouro nas mãos, e a única coisa que a impedia de comprar o que necessitava estava bem à sua frente. Parecia bem simples escolher, mas, por incrível que pareça, ela escolhera a primeira opção. Onde estava aquela Milah que analisava tudo e agia depois? Aquele imbecil conseguira pôr em frangalhos todos os seus nervos, toda a sua capacidade de pensar, e ela detestava aquilo. Diabo, ela realmente não deveria ter trombado com ele.

Gritou de raiva, fechando os olhos com força. – O que diabos eu disse? Seu pervertido de uma figa! – bateu o pé, esquecendo-se de que era uma mulher, e não uma criança, e que estava quase pelada na frente de um homem que praticamente não conhecia. Nem mesmo seu pai já a vira completamente nua e esse forasteiro estava a apenas um passo de fazê-lo. Seu rosto estava vermelho e ela realmente não sabia se era por vergonha de estar daquela forma na frente de um homem ou se era porque ela realmente estava nervosa e com raiva. Ele levantou uma das sobrancelhas, ainda com aquele sorrisinho idiota de sempre e Milah resolveu dessa vez tentar a sorte com a porta, mas foi barrada, exatamente por ele.

A segurou como se fosse a coisa mais leve no mundo e mesmo que ela estivesse se remexendo e unhando todo pedaço de carne que achava, ele parecia não se importar. Continuava olhando-a com um olhar superior, do tipo “Conversaremos quando você se acalmar”. Arfou, sentindo o coração dele bem perto do seu ouvido e negou com a cabeça, decidida a não ceder, nem por um centímetro.

Quando você dá a mão eles querem logo o braço.” Escutou o ditado do pai na cabeça. Por alguma razão aquilo a acalmou um pouco. A voz do pai sempre o fazia, mesmo que ultimamente ele tenha ficado tão calado.

- Raios, APENAS ME DEIXE IR! – pediu, gritando, as lágrimas já ocupavam seus olhos e Milah mordia o lábio inferior. Estava realmente parecendo meiga com aquele semblante, mas nada daquilo era real. Ela nunca seria fofa com aquele forasteiro. Nunca. Dimitri segurava seus braços na frente de seu corpo e qualquer um que olhasse poderia  ver um casal. Milah subjugada pelo homem e ele, sempre forte e altivo, olhando para sua companheira de cima, bem ao modo o qual eram regidos os relacionamentos no New Wild West.

Mas ela se recusava aquilo. Ela se recusava a tudo que não tivesse nada a ver com seu pai.

Foi então que o vestido caiu da sua mão e o relógio saiu do bolso, rolando pelo chão encardido do hotel. Milah fechou os olhos com força, pressentindo a dor de cabeça que ela iria ter por causa de um simples e casual furto.

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